Meu amor pela escrita nada tem de ideal.
Não conto com nenhum desses pré-requisitos básicos que um escritor,
supostamente, deveria preencher. Não cresci em meio aos livros, não fui
incentivada a ler desde criança, não sou entendedora das normas da língua, nunca
fui leitora voraz.
Apesar desses indicadores de um
prognóstico negativo, é bem verdade que na época da escola, cada vez que a
professora de Língua Portuguesa ordenava que fizéssemos uma redação, me
encontrava naquela excepcional situação em que você é o único a sorrir enquanto
os outros choram. Na maioria das vezes, não fazia ideia de como escreveria o
texto, mal sabia como começar, e tinha dificuldade em completar a composição.
No entanto, desde o momento em que a ordem era proferida, até a última correção
do texto, me via tomada por um entusiasmo capaz de canalizar toda a minha
energia para a realização da tarefa, restando pouca libido para outros
interesses.
Enquanto escrevia, escolhia com cuidado
cada termo a ser utilizado, mesmo não contando com um extenso cabedal de palavras,
como com as amizades, primava pelas boas, ainda que poucas. Minha escrita
sempre foi mais intuitiva do que técnica, e confesso que me orgulho desse
detalhe. Mas também preciso dizer que a ausência de uma história prévia de
intimidade com as letras é uma lacuna que não cessa de ecoar. Como órfã de uma
tradição literária que me impelisse naturalmente ao mundo da escrita, me falta
um acervo de expressões ao qual lançar mão nos momentos de necessidade, um
domínio da língua que me dê segurança no manejo com os vocábulos.
A falta, condição humana sine qua non, por
ser vivida no interior de cada um de nós, nos faz solitários na angústia de
tentar preenchê-la. Essa falta, por muito tempo, me impediu de apostar na
escrita. Havia internalizado um modelo único de escritor. Não me encaixava no
perfil idealizado por mim, por isso, não podia me atrever a sustentar um posto
que não fui chamada a assumir. Não entendia que era essa mesma falta que me
punha a escrever, que era da minha falta que falava a cada parágrafo.
Foi em busca de suprir essa falta que
retornei repetidas vezes a esse lugar privilegiado de criação. Na falta de
sentido, encontrei um fio com o qual tecer a minha história, contando-a e
recontando-a, à maneira de metáforas de vida. E como o caminho só se faz ao
caminhar, volto aqui mais uma vez, não para contar o final dessa história, mas
para arriscar um novo começo, uma nova possibilidade a ser vislumbrada na minha
relação peculiar com as letras.
sexta-feira, 22 de junho de 2018
Brisa que tua caminhada como escritora seja repleto de descobertas, emoções e sucesso! Parabéns!
ResponderExcluirPoxa, muito obrigada!! 😘😘
ExcluirUm Dom divino, divinamente se concretizando,estou imensamente feliz por você.Parabéns
ResponderExcluirMuito obrigada! Que retorno lindo!! Estamos felizes!!! 😘😘
ExcluirE assim nasce uma escritora. Parabéns! Sucesso!!!
ResponderExcluirObrigada por compartilhar esse desejo e esse espaço comigo!! Vamos nos descobrindo e construindo juntas! 😘😘
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